Redigir um texto que vá ser publicado por veículos tradicionais de comunicação, como sites e jornais, demanda o uso de técnicas de redação muito anteriores ao próprio advento da internet. A mais conhecida dessas técnicas é chamada de 5W1H, uma vez que traz um conjunto de cinco perguntas que, em inglês, começam com a letra “W” e uma, com “H”:
Um bom texto precisa responder a estas seis perguntas, de preferência em ordem inversa 12 de importância. Ou seja, começando pela mais relevante.
Por isso, é comum os jornalistas adotarem a seguinte prática: as quatro primeiras perguntas (o quê, quem, quando e onde?) precisam aparecer no primeiro parágrafo — ou nos dois primeiros. As outras duas (por que e como?) ocupam do terceiro parágrafo em diante.
É fácil identificar o uso dessa técnica no jornalismo. Observe como o G1 noticiou, em março de 2018, a morte de Stephen Hawking. O primeiro parágrafo da matéria que ocupou a manchete do site por algumas horas foi este:
“Stephen William Hawking, físico e pesquisador britânico, morreu aos 76 anos nesta quarta-feira (14) em sua casa na Inglaterra. Hawking se tornou um dos cientistas mais conhecidos do mundo ao abordar temas como a natureza da gravidade e a origem do universo. Também foi um exemplo de determinação por resistir muitos anos à esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa.”
Você precisou ler apenas um parágrafo para entender que Stephen Hawking (quem?) morreu (o que?) no dia 14 (quando) na Inglaterra (onde).
O site americano Newspaper Article resume cada um dos elementos do 5W1H assim:
Esse princípio é aplicado a noticiário, mas pode ser usado para trazer a ideia central em caso de informações frias (não-factuais), como normalmente são os textos distribuídos por meio de newswire. Veja um exemplo de uma publicação fria no Mundo do Marketing:
“Estima-se que, no Brasil, 55 mil novos casos de Alzheimer são diagnosticados por ano. As vítimas, pessoas acima de 65 anos de idade, na sua maioria, mulheres. A doença, cuja principal característica é a perda progressiva de memória (decorrente da degeneração de células cerebrais), merece muita atenção, tanto na prevenção quanto no tratamento, que deve ser iniciado o quanto antes. Para isso, já existem exames que auxiliam na identificação de forma precoce.”
Da mesma forma, no primeiro parágrafo foi possível entender que há 55 mil casos de Alzheimer (o que) por ano (quando) afetando idosos e idosas (quem) no Brasil (onde).
A técnica dos 5W1H obedece a um dos conceitos mais importantes e básicos do Jornalismo — a Pirâmide Invertida. Segundo essa teoria, as informações mais importantes têm prioridade e aparecem primeiro no texto. Os detalhes vêm depois.
O conceito está longe de ser teoria pela teoria. Faz todo o sentido por um propósito simples: oferecer ao leitor a informação principal em apenas um ou dois parágrafos. A partir dali, é ele — o leitor — quem decide se vai continuar lendo ou não. Tudo depende do nível de interesse dele pelo tema.
Essa técnica vem do jornalismo impresso, mas está naturalmente adaptada ao ambiente online. Em 2005, o Observatório da Imprensa, tradicional site de debate sobre o Jornalismo, discutia se a Pirâmide Invertida seria adaptável ao jornalismo online, então incipiente. O site definiu o conceito assim:
“Pirâmide Invertida é um jargão jornalístico para identificar um formato de textos em que a parte mais importante da notícia ou da informação é colocada logo no primeiro parágrafo. A pirâmide da informação seria invertida porque, ao contrário das pirâmides físicas, o mais importante estaria no alto, ou seja no início do texto. O formato tornou-se quase uma unanimidade na imprensa porque poupa tempo do leitor e permite que o texto seja cortado para adequar-se ao espaço editorial disponível, sem comprometer a qualidade da notícia ou da informação.
Antes de redigir o próximo texto profissional, organize as informações com base nos 5W1H. Os novatos nessa técnica normalmente definem as perguntas em seis tópicos, tornando-as bem objetivas. Depois, com o tempo, o processo se torna natural.
Uma vez que o texto esteja estruturado dessa maneira, basta o exercício de redigir, revisar e, principalmente, enxugar o texto. Afinal, como sentenciou Carlos Drummond de Andrade, “escrever é a arte de cortar palavras”.
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