O servidor pode afetar o ranqueamento de seu site nas buscas orgânicas do Google. Embora conteúdo e backlinks sejam os elementos mais críticos de SEO, questões técnicas relacionadas a hospedagem podem causar prejuízos.
O site americano MOZ, especializado em SEO, mostrou o impacto que a mudança em configurações do servidor gerou para uma rede de varejo britânica. Até a alteração, feita em 27 de abril, o site tinha cerca de 270 mil visitantes por dia. A mudança gerou forte perda de audiência, normalizada só seis meses depois.
Neste post, vamos tratar de três problemas relacionados a hospedagem que frequentemente geram problemas de SEO — localização, velocidade e troca de servidor —, ordenados do menos impactante para o mais crítico.
Localização do servidor é a questão mais branda de todas, uma vez que causa pouco impacto em SEO.
Se um usuário no Brasil busca em português por uma informação no Google, é mais lógico que os resultados orgânicos venham de sites brasileiros. É assim que os algoritmos do Google “raciocinam”. Por exemplo, se um usuário busca por “pizzaria” em Maceió, não faria sentido o Google apresentar resultados de pizzarias em Porto Alegre.
Acontece que, em grande parte, as buscas no Google independem da geografia. Por exemplo, quando um usuário busca por informações sobre como impulsionar um vídeo no YouTube, sobre como consertar um problema no escapamento do carro ou sobre como preparar um temaki, tanto faz se a resposta vem de Alagoas ou do Rio Grande do Sul.
Segundo o Luna Metrics, a localização do servidor proporciona uma melhora sutil nos resultados de buscas, em especial quando ele está no mesmo país do usuário. Mas alerta para o risco de hospedar em servidor estrangeiro em países com alta incidência de fraudes e casos de SPAM. “Fique longe das más vizinhanças”, orienta o post.
Os maus vizinhos em questão são países com poucos usuários mas com alta incidência de casos de SPAM. O Spamhaus mantém uma lista atualizada do ranking dos países com mais casos desse tipo. Estados Unidos, China e Rússia lideram a quantidade de casos de SPAM, o que não chega a ser uma surpresa. Afinal, têm alto volume de tráfego em decorrência do próprio tamanho da população.
O ranking da Spamhaus mostra sempre a lista das últimas 24 horas atualizada. No dia 6 de junho de 2018, por exemplo, a classificação era esta:
Nos top-10, porém, aparecem países menores, como Ucrânia e Hong Kong, que merecem certo cuidado. Isso não significa que hospedar o site num desses países prejudique automaticamente o SEO do seu site. É apenas uma questão de redobrar o cuidado na escolha de servidores em países com muitos casos de má conduta. O Brasil, aliás, aparece na lista, em 9º lugar.
É preciso ponderar, ainda, que a localização do servidor vem aparentemente perdendo importância dentro do próprio Google. Em 2011, Matt Cutts, expert em qualidade de busca do Google, disse ao Template Toaster o seguinte:
“Nós tentamos retornar os resultados mais relevantes para cada usuário em cada país. E a localização dos servidor em termos de endereço de IP é um fator nesse sentido.”
Isso foi em 2011. Mais recentemente, no entanto, o próprio Google se pronunciou sobre o assunto dando uma importância mais amena à localização:
“A localização do servidor, obtida por meio do endereço de IP, está frequentemente próxima ao usuário. No entanto, alguns sites usam CDNs (redes de fornecimento, entrega e distribuição de conteúdo) ou, então, preferem ficar hospedados em países com uma infraestrutura melhor. Por isso, procuramos não nos basearmos apenas na localização do servidor”.
Conclusão: localização do servidor é um fator complementar, que pode ajudar ou prejudicar moderadamente o desempenho em SEO. Mas não é um fator crítico.
Na escolha da empresa que fornece o serviço de hospedagem de site, gestores frequentemente comparam ofertas considerando o custo-benefício — quantidade de domínios, capacidade de armazenamento, linguagens aceitas, preço etc.
Todos esses aspectos são importantes do ponto de vista da gestão, sim. No entanto, há um atributo que nenhum fornecedor informa: a verdadeira velocidade de carregamento dos sites que hospedam. Desde 2010, velocidade de carregamento da página é um critério relevante para SEO. Num post de abril daquele ano, o Webmaster Central Blog do Google informou o seguinte:
“A partir de hoje, incluímos um novo sinal nos nossos algoritmos de ranqueamento: a velocidade do site, que reflete a rapidez com que um site responde a requisições na web.”
Velocidade que o servidor entrega é um aspecto que precisa ser investigado. Uma ferramenta útil nessa tarefa é o plugin YSlow, que foi criado pelo Yahoo! e é recomendado até pelo próprio Google, seu concorrente. O funcionamento é simples. Você instala o YSlow como uma extensão do navegador Chrome. A partir daí, basta acessar um site e clicar em “Run Test” para obter em segundos um diagnóstico da velocidade do site — com pontos de melhoria.
Talvez você consiga obter uma lista de sites hospedados pela plataforma na seção de “nossos clientes” do site ou mesmo pedindo a informação ao vendedor. Nesse caso, poderá testar algumas empresas. É importante testar diversos sites porque o servidor é apenas um dos fatores que contam. Se alguns deles tiverem bom desempenho, é sinal de que o servidor funciona. Como parâmetro, considere que o Google tem graduação “B” numa escala de “A” a “F”.
Outra forma de você testar é contratando o serviço sem inicialmente colocar seu site no ar. Você simplesmente coloca um site provisório num subdomínio do próprio servidor escolhido — algo como “suaempresa.servidorescolhido.com.br”. E aí faz o mesmo teste com o YSlow. Essa opção tem algum custo, mas é mais confiável do que a primeira. Você pode repetir o teste com diferentes empresas de hosting.
O maior impacto que aspectos relacionados ao servidor podem causar acontece quando uma empresa decide mudar de servidor. De acordo com outro site especializado em SEO nos Estados Unidos, o Search Engine Land, uma mudança de protocolo ou de servidor o impacto negativo é temporário — mas muitas vezes acentuado, como no caso da empresa inglesa. Isso acontece porque o Google precisa de tempo para processar a mudança.
O site americano especializado em questões técnicas de hospedagem DNS Made Easy explica que, se você mudar o endereço de IP do seu servidor, poderá perceber que alguns usuários não conseguirão acessar suas páginas. “Isso acontece porque os registros de DNS estão memorizados em cache. Os usuários, assim, podem estar tentando acessar seu antigo DNS sem sucesso”, explica um post do site.
Para evitar esse problema, o Web Hosting Secret Revealed recomenda quatro passos na hora de migrar de um servidor para outro:
Contrate o novo serviço de hosting.
Faça o backup do conteúdo do site atual antes de migrar, dando especial atenção aos arquivos estáticos (como o “.htaccess”), às mídias (fotos e vídeos) e à estrutura de pastas.
Migre o conteúdo do velho site para o novo, considerando que o novo ainda estará operando num endereço provisório, inacessível para o público. Após a migração, faça um teste detalhado para ver se todos os links funcionam bem. Verifique, ainda, se os conteúdos armazenados em bancos de dados, como posts, são exibidos corretamente.
O Luna Metrics complementa essa recomendação ressaltando a importância de evitar que haja links quebrados, pois esse deslize interfere em SEO. Para todos os efeitos, crie sempre uma página de erro 404 personalizada. “Certifique-se de que ela esteja configurada para todos os cenários: subdomínios, subdiretórios etc.”, recomenda o post.
Faça a alteração do DNS. Segundo o Search Engine Land, o ideal é que essa configuração seja feita em horários de pouco tráfego, como fim de semana ou de madrugada.
No caso de domínios brasileiros, que terminam com a extensão “.br”, essa configuração é feita facilmente pelo registro.br. Como administrador do domínio, basta acessar a conta e alterar o endereço de DNS, que é sempre informado pelo serviço de hospedagem do site.
A escolha de um servidor pode impactar SEO levemente por causa da localização, moderadamente por causa da velocidade de carregamento da página e fortemente na migração de um servidor para outro. É importante escolher um bom servidor e ser cuidadoso numa eventual troca de host.